Dieese: 1/5 da população brasileira é composta por pessoas 60 +

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Um estudo do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) mostrou que quase um quinto da população brasileira é composta por pessoas com 60 anos ou mais. Realizado com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a pesquisa também identifica o perfil dessa população no país, indicando quantos ainda trabalham e o percentual de idosos que contribuem com 50% ou mais da renda do domicílio.

O diferencial deste ano foi o indicativo que mostra a porcentagem dessa população que testou positivo para covid-19. 
Dos cerca de 210 milhões de habitantes do país, 37,7 milhões de brasileiros possuem 60 anos ou mais. Desses, no levantamento nacional, 18,5% trabalham; 85% moram com outras pessoas; 21% moram com estudante; 75% contribuem com pelo menos metade da renda familiar; 26% estão em domicílios que receberam auxílio emergencial; 32% têm plano de saúde; 58% apresentam comorbidades; e 2,5% testaram positivo para a covid-19.

Na análise por unidade federativa, os estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais são as regiões que mais concentram essa população. Juntos, eles abrigam quase metade de toda a população idosa no país (45,8%). São 17,3 milhões dessas pessoas nos três estados. O levantamento também indicou perfil de idosos muito parecidos nessas regiões: em média, 18% dessa população nesses estados trabalham, e entre 72% e 76% contribuem com 50% ou mais na renda domiciliar. Além disso, 22% deles receberam o auxílio emergencial e 2,2% (SP), 2,5% (RJ) e 1,2% (MG) pegaram covid-19.

Francisco Matias, 81 anos, integra a população do terceiro estado do país com mais pessoas com idade acima de 60 anos. Morador de Betim, em Minas Gerais, Francisco é aposentado e mora com a esposa, de 70 anos, o filho caçula e um neto. Ele leva uma vida sossegada, sem trabalhar e sem apresentar qualquer comorbidade. “Mesmo depois de aposentado, trabalhei por alguns anos por não querer ficar em casa. Hoje em dia, passo mais tempo com minha esposa, leio um jornal, jogo sinuca com meus filhos e netos quando eles estão aqui e aproveito os dias descansando”, conta. 

Roraima (50 mil), Amapá (83 mil) e Acre (103 mil) foram os estados com a menor quantidade de idosos. Nessas regiões, mais de 85% dos idosos moram com outros familiares e 54% (Amapá), 56% (Roraima) e 64% (Acre) apresentam alguma comorbidade, resultado que se aproxima do visto em Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais — com 55%, 58% e 61%, respectivamente

A renda domiciliar do lar de Matias provém, em grande parte, da sua aposentadoria. Apesar de ele ser saudável, o plano de saúde é um custo a mais para a família por causa da esposa, que necessita de atendimentos médicos com maior frequência. “Como ela tem alguns problemas de saúde, meus filhos acham importante ter o plano. Por muitos anos prorrogamos isso e tínhamos muitos gastos com exames e consultas. No ano passado, contratamos um plano para dar um auxílio melhor a ela”, relata. Nem Francisco nem a esposa foram beneficiados com as parcelas do auxílio emergencial.

A discrepância entre os estados com mais e menos idosos no Brasil, é a adesão ao plano de saúde. São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais têm mais pessoas com 60 anos ou mais que possuem essa adesão — 43%, 39% e 33%, respectivamente. Nas regiões com menor número de idosos, as proporções são bem menores: Roraima com 8%, Amapá com 8% e Acre com 10%.

No Distrito Federal (DF), o estudo mostrou uma população de 401 mil pessoas com 60 anos ou mais. De total, 17,9% trabalham; 88% moram com outras pessoas; 29% moram com estudante; 72% contribuem com pelo menos metade da renda familiar; 21% estão em domicílios que receberam auxílio emergencial; 42% têm plano de saúde; 60% apresentam comorbidades; e 6% testaram positivo para a covid-19. (Correio Braziliense)

Mortes Covid-19/2022

Em janeiro de 2022, 63,3% das mortes causadas pela covid-19 no Brasil foram de idosos com 70 anos ou mais, o maior percentual mensal desde o início da pandemia, em março de 2020, segundo dados dos cartórios de registro civil. Das 12.452 mortes pela doença, ao menos 7.882 foram de idosos nessa faixa etária, segundo dados registrados até a tarde da última sexta-feira no portal da transparência da Arpen-Brasil (Associação dos Registradores de Pessoas Naturais).

Segundo o geriatra Marco Polo Dias Freitas, doutor em saúde coletiva pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) e membro da Comissão de Políticas Públicas da SBGG (Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia), a interpretação desses percentuais deve levar em conta algumas variáveis. “A primeira coisa a considerar é que os idosos sempre foram parte dessa população que acaba complicando mais”, diz. “Esse problema [de mais mortes] ocorre porque o idoso teve uma infecção aguda. Os idosos que estão se complicando agora são aqueles que iriam complicar se tivesse um resfriado, uma Influenza, uma infecção de vias aéreas mais fortes. Não é exatamente o coronavírus”, diz.  (Dados do UOL)

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