“Não sou velha; sou um clássico”

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Só coisas envelhecem. Uma roupa (menos um tailleur Chanel). Um sapato.Um móvel. Coisas.

Noutro  dia, um rapaz quis ser gentil comigo e tomar o meu lugar na fila do  supermercado. 

“A senhora não prefere ir para a caixa das prioridades? Respondi: “não, jovem, nós, idosos, demoramos muito para os devidos procedimentos no caixa do supermercado. Aqui a fila é de todos e há cinco caixas, onde tudo é mais rápido.” Ele continuou atrás de mim.  

Desce o pano.

Não me incomodo de receber o protocolo que a sociedade definiu para idosos e idosas mas não gosto da ponta de ironia que vem no pacote “para os mais velhos”. Como acho muito feio usar o envelhecimento como vantagem e arrogância.  Idosos impacientes, grosseiros e arrogantes devem ter sido crianças e adultos mal-educados.

Voltando ao assunto desse artigo. Noutro dia fiquei contente da vida quando o moço que veio entregar a feira por telefone disse para mim: “madame pode deixar que eu coloco as compras. Achei esse título com a sonoridade dos concedidos pela realeza aos súditos.

E me alegrei novamente quando o taxista me devolveu um troco irrisório e eu disse: não precisa, pode ficar. Muito obrigado, madame…

Acho que algo da nobreza de alma conferida pelo envelhecimento é visível  no meu rosto. 

Antigamente, me chamavam de tia na rua …. e eu detestava. Tenho mais de 20 sobrinhos e sobrinhos-netos e amo quando eles me chamam assim. 

Noutro dia perguntei a uma menina, de 12 anos, minha aluna  da comunidade onde lecionava, porque tinham me chamado de madame também ali. “Não liga, Thereza, é porque você parece gringa, só isso.”  

Thereza Christina Pereira Jorge

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