O Futuro não tem Idade; tem Saúde. E Autonomia

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O dinamarquês Ebbe Johansen, um dos líderes da DaneAge,  esteve no fim-de-semana em  Portugal para falar da importância de os idosos participarem nas decisões políticas que os afetam e de construírem projetos que deem respostas às suas necessidades.

Já depois dos 70 anos, este engenheiro civil e antigo responsável na IBM é um dos líderes da DaneAge, a associação que representa 40 milhões de europeus, incluindo os portugueses da Associação de Aposentados Pensionistas de Reformados ( APRe!), que no fim de semana se reuniram em Lisboa para debater que o “Futuro não tem idade.”
Foram apontados caminhos importantes. A ideia é que a idade já não é o limite, mas que é a saúde que define a altura em que deixamos de ser ativos e autônomos. Esta é uma discussão importante, porque a definição cronológica do envelhecimento já não deve ser um critério. Se conseguirmos nos manter autônomos vamos conseguir ter uma vida ativa.

E a grande maioria dos idosos na Europa é autônoma. Na Dinamarca, 83% dos mais velhos são autônomos e 17% estão dependentes. E nós muitas vezes focamos a nossa atenção nestes idosos dependentes, que não representam a maioria.

Que áreas são prioritárias? Temos de olhar para o ambiente em que os idosos vivem, ter em conta por exemplo as condições de habitação ou transporte, mas também para a forma como os mais velhos participam nas decisões, combatendo a discriminação etária, garantindo o acesso ao emprego e depois há questões como os serviços de saúde prestados.

Não devia haver mais idosos, a nível local, a participar nas decisões que lhes dizem respeito? No meu país, a Dinamarca, todos os governos têm um conselho consultivo composto por idosos. Este conselho faz propostas concretas, por exemplo, em áreas como a saúde. E isso é importante porque muitas vezes não se perde tempo a ouvir o que os idosos têm para dizer. Preocupa-nos muito esta questão da dignidade, porque eles têm de ser ouvidos.

Autonomia

Capacidade de autogovernar-se, de dirigir-se por suas próprias leis ou vontade própria; soberania.

Tenho lido muitas notícias anunciando o rejuvenescimento radical, o controle das comorbidades do envelhecimento. Acredito que a Ciência vai chegar muito perto de adiar a Morte. Talvez, apenas para os ricos.

Uma ferramenta que tenho descoberto como fundamental para prolongar a qualidade de vida e controlar a velocidade do envelhecimento é muito simples. Ricos e pobres receberam este dom: autonomia.

É trabalhoso desenvolver essa ferramenta. O envelhecimento traz uma acomodação natural mas nem sempre positiva. Se a gente não reagir, ela toma conta. E vai nos enfraquecendo física e mentalmente.

No Manual de Enfrentamento à Violência contra a Pessoa Idosa (Brasília, 2014) consta que a dependência do idoso é um terreno fértil para as condutas violentas do seu cuidador/cuidadora, profissional ou informal.É confortável contar com a ajuda no cotidiano. “Você pode esquentar o meu almoço e me servir, por favor?”

Não há mal nenhum em certa “mordomia”. Ocorre que se ela não for  necessária _ uma pessoa que tem limitações, tudo bem _ o conforto excessivo vai nos fragilizar e atrapalhar muito.

Estudos revelaram que o exercício da autonomia prolonga a saúde, mantém a autoconfiança e cria defesas para resistir à violência.  É o que se chama de “idade subjetiva”. Sentir-se mais jovem pode ajudar a prolongar a vida.

Até então, a ideia de como chegar nesse “estado mental” (sentir-se mais jovem) não era muito clara.

A pesquisa foi desenvolvida por Jennifer Bellingtier, doutora em Filosofia, e apresentada na convenção anual da Associação Americana de Psicologia (APA, na sigla em inglês). Ela acompanhou, durante nove dias, 116 adultos com idades entre 60 e 90 anos, e 106 adultos de 18 a 36, segundo informações da revista Time.

A cada dia, os participantes respondiam com quantos anos e com quanto controle sobre suas vidas eles se sentiam.  A variação dessa “idade subjetiva”, já estudada anteriormente, mostrou-se presente no estudo. A pesquisadora constatou que, quanto mais os idosos se sentiram no controle, mais jovens eles disseram se sentir.

Segundo Bellingtier, os benefícios dessa sensação de autonomia podem ser de dois tipos. Por um lado, pode aumentar a saúde mental e diminuir a idade subjetiva. Por outro, pode motivar as pessoas a fazer escolhas mais saudáveis. “Você sente que suas ações são importantes”. Nesse sentido, permitir que idosos sob cuidados tenham mais escolhas pode ser positivo.

Escolher suas próprias refeições, um livro para ler ou uma atividade para praticar podem parecer atitudes básicas do dia -a -dia de um adulto. Para um idoso em uma casa de repouso, porém, esse tipo de autonomia pode se tornar rara – e especialmente valiosa.

Thereza Christina Pereira Jorge

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