Em Manaus, exemplos simples de cidadania

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Resgatar a cidadania esquecida no ‘fundo do baú’ e contribuir para o desenvolvimento do local onde se vive pode não ser tão difícil como parece. Medidas simples, como plantar uma árvore ou ceder à comunidade um local para leitura, podem fazer tanta diferença quanto descobrir a cura para uma doença rara.

Há 25 anos morando em um pequeno sítio, na Rua C, do bairro Adrianópolis, zona centro-sul, o pernambucano aposentado Valdecir Félix de Souza, 67, encontrou na arborização uma forma de contribuir com a vizinhança.

“Estou na luta para preservar o meio ambiente. Infelizmente, nem todos têm a visão de como é importante ter verde em casa”, revelou.

Abacateiros, mangueiras, coqueiros, pimenteiras e até espécies próprias para infusões, como capim santo, são algumas das árvores plantadas e cuidadas pelo agricultor, diariamente das 5h às 23h.

Morando com a esposa e dois filhos com necessidades especiais, Souza destacou que as plantas, além de proporcionarem um ambiente mais fresco e belo visualmente à família, reduzem o impacto da sujeira acumulada no igarapé vizinho à residência.

“Ainda hoje as pessoas jogam lixo no igarapé. O único quem faz arborização sou eu”, lamentou.

Segundo Souza, além de uma diversão para a família, acostumada a sentar à sombra das árvores para jogar conversa fora, os frutos proporcionam uma renda familiar extra de R$ 300 mensais.

Com gramado e até espécies de outras regiões, doados por um condomínio vizinho e plantadas na calçada, ‘Sr. Pernambuco’, como é conhecido nas redondezas, contou que enfrenta diariamente a falta de compreensão dos pedestres.

“Muitos pisam nas plantas de maldade. No ano passado, por exemplo, acabaram com meus três pés de pimenta malagueta assim”, informou.

Educação

Pedagoga de formação e motivada pela falta de profissionais nas bibliotecas escolares da comunidade, Vânia Ariadnes Cunha fundou, há três anos, no Morro da Liberdade, zona sul, a Biblioteca Comunitária do Morro da Liberdade Andreia Castelo.

A ideia, desenvolvida em parceria com profissionais da área de administração, pedagogia e educação artística, enfrenta porém, dificuldades em manter um horário fixo de funcionamento por falta de mão de obra voluntária.

Instalada atualmente na casa da pedagoga, a biblioteca conta com acervo de 3 mil exemplares doados pela comunidade e voltados a estudantes do nível Fundamental ao Superior.

“Diferente de outras bibliotecas comunitárias, os visitantes podem emprestar o exemplar e devolver após três dias, pagando uma taxa de manutenção de R$1”, relatou envaidecida. No ano passado, segundo ela, três mil pessoas frequentaram o espaço.

Movida pela necessidade de ampliação dos serviços prestados, a biblioteca recentemente deu espaço à Organização Social Ecoando Liberdade (Osel), destinada também a oferta de cursos profissionalizantes.

“Em 2011, formamos 760 pessoas em cursos de inglês, espanhol, informática básica, administração em Rh, unhas artísticas e corte de cabelo”, comemorou Cunha.

Sem renda fixa para custear despesas com energia elétrica, água e limpeza, a organização busca, desde o ano passado, parcerias com a iniciativa pública e privada, sem sucesso.

“Para garantir que a biblioteca permaneça aberta durante o dia, fechamos uma parceria com a Esbam. Dessa forma, os universitários atendem os visitantes em troca de horas complementares”, explicou.

Responsável pela Biblioteca Comunitária Carlete Santos, fechada para reforma e instalada também no Morro da Liberdade, Lady do Carmo, 31, contou que a paixão pelos livros subsidiou a criação do espaço em junho do ano passado.

Fixada na casa da quituteira, a biblioteca acumula, hoje, um acervo de 10 mil exemplares disponíveis para consulta local. “As crianças precisam ter um local para pesquisar, pois só tem acesso aos livros das escolas quem estuda nelas”, afirmou.

Após ser reinauguração da biblioteca, dentro de dois meses, segundo Carmo, serão oferecidas, ainda, aulas de informática e inglês ministradas por professores voluntários à comunidade.

“A ideia é atender de 15 a 20 pessoas a partir de sete anos de idade, em três turnos”, esclareceu.

Pessoas interessadas em realizar doações para a biblioteca podem entrar em contato com Lady pelos telefones 9462-5144 ou 9198-9415.

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