As desigualdades do envelhecimento brasileiro expostas na Educação

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Hoje 60% dos idosos no Brasil são analfabetos ou têm baixa escolaridade. O dado é alarmante porque essa parcela é o dobro da média nacional (de 30%) e torna o idoso mais vulnerável a golpes e ao isolamento social.

O Piauí é o estado onde há maior número de idosos analfabetos (14,4%) . Sabe-se que o problema se agrava porque muitos têm vergonha de não saber ler e escrever, mas também, muitas vezes, sentem que já passaram da idade de aprender. 

Curiosamente, a Universidade Aberta à Terceira Idade , projeto de extensão da instituição estadual (Uespi) , anuncia a abertura de nova turma.  A UnATI do Piauí é uma das 200 existentes nas academias brasileiras, e tem como objetivo promover um envelhecimento ativo e saudável, oferecendo uma variedade de atividades físicas, acadêmicas, culturais e de lazer para pessoas a partir de 60 anos.

Entre as unidades da federação, as três maiores taxas de analfabetismo foram   estão no Piauí (14,8%), em Alagoas (14,4%) e na Paraíba (13,6%). A Paraíba conta com a Faculdade Internacional e o estado de Alagoas com a Universidade Federal.

“O analfabetismo segue em trajetória de queda, mas mantém uma característica estrutural: quanto mais velho o grupo populacional, maior a proporção de analfabetos. Isso indica que as gerações mais novas estão tendo maior acesso à educação e sendo alfabetizadas ainda crianças, enquanto permanece um contingente de analfabetos, formado principalmente, por pessoas idosas que não acessaram à alfabetização na infância/juventude e permanecem analfabetas na vida adulta”, observou a coordenadora Pesquisas por Amostra de Domicílios do IBGE, Adriana Beringuy.

Recentemente, na audiência pública promovida pela Comissão dos Direitos da Pessoa Idosa da Câmara Federal dos Deputados, no dia 9 passado, sobre o problema, as universidades nordestinas não se pronunciaram nem participaram do evento.

A taxa de analfabetismo do Nordeste é quatro vezes maior que a do Sudeste.  A taxa de analfabetismo para as pessoas de 15 anos ou mais também reflete desigualdades regionais: o Nordeste tem a taxa mais alta (11,7%) e o Sudeste, a mais baixa (2,9%). No grupo dos idosos (60 anos ou mais) a diferença é maior: 32,5% para o Nordeste e 8,8% para o Sudeste.

A representante do Ministério da Educação Cláudia Borges afirmou que a pasta está redesenhando a Educação de Jovens e Adultos, priorizando a execução dos recursos já existentes para garantir a ampliação de vagas e um atendimento adequado aos alunos mais velhos. “Nós estamos a todo tempo aprendendo e precisamos sim ter a visão de uma educação para autonomia, uma educação de cunho emancipatório.”

O secretário nacional dos Direitos Humanos da Pessoa Idosa (órgão vinculado ao Ministério de Direitos Humanos), Alexandre Silva, afirmou que há um acordo de cooperação técnica com o Ministério da Educação para adaptar os currículos e escolas para incluir essa parcela da população na EJA.

A deputada Reginete Bispo (PT-RS), autora do requerimento para a realização da audiência, destacou que o crescimento demográfico brasileiro e o aumento da expectativa de vida no Brasil demandam a criação de propostas educacionais atualizadas voltadas para a educação ao longo da vida.

Ela explicou que o objetivo da audiência foi dar visibilidade ao idoso e garantir seu direito à educação. “Sobretudo pela necessidade de propostas educacionais atualizadas voltadas para a educação ao longo da vida, medidas pelo direito à garantia da educação. Sendo dele sujeito de direitos com uma proposta pedagógica adequada que ofereça o reconhecimento de suas necessidades e peculiaridades no processo educativo dos e nos espaços escolares”.

Thereza Christina Pereira Jorge

Informações do Censo de 2022 e da Agência Câmara de Notícias

 

 

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