As empresas pioneiras contra o Idadismo: Nestlé, Môre, Grupo Pereira, Maturi, Tuia …

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Foto de destaque: Ele Envelhece Bem _ Affonso Prazeres, 83, “prefeito” do edifício Copan há 30 anos

 

Em 2021, a Nestlé lançou a promoção corporativa “Nestlé Faz Bem Estar Junto” que ofereceu 600 vagas de emprego para profissionais acima de 60 anos. A campanha teve tanto sucesso em 2022 que a empresa decidiu repetir neste ano. A partir do dia 18 de julho, a Nestlé abrirá 500 vagas para pessoas acima de 60 anos para atuarem em diferentes pontos de vendas no Brasil.

Os contratados tinham um contrato de trabalho por um mês, com salário compatível com o mercado, vale refeição, vale transporte e registro na carteira. Esses profissionais atuaram em diferentes pontos de vendas da Nestlé, como supermercados e lojas, espalhados em vários estados.

“Queremos cada vez mais ser uma companhia plural e incluir gerações é um ponto muito importante para a diversidade na companhia”, afirma Bia Reginato, diretora de RH de vendas da Nestlé Brasil. “As pessoas performaram muito bem no ano passado, com um engajamento acima da média. E um ponto chave foi a conexão desses profissionais com o consumidor”, diz a diretora.

Como meta de diversidade, a empresa pretende admitir os profissionais que tiverem os melhores desempenhos na campanha em futuras oportunidades.

“Alguns profissionais 60+ preferem o emprego temporário, porque priorizam compromissos pessoais e família, mas para os que desejam continuar no mercado, estamos avaliando já no processo de seleção se eles querem ficar no nosso banco de talentos para concorrer a uma vaga efetiva”, afirma a diretora.

há algo em comum nos profissionais da terceira idade que a empresa valoriza muito: a gratidão.

“É incrível como eles são gratos pelas oportunidades de emprego após 60 anos. Se sentem muito valorizados por poderem fazer a diferença. Valorizamos esse sentimento, que não apenas contagia, mas que certamente pode contribuir muito para o crescimento de qualquer companhia,” diz a diretora.

  • Tecnologia não é um desafio apenas para profissionais da terceira idade, para a Môre, profissões estão se atualizando

Ollivia Maria Gonçalves, 56 anos, coordenadora de marketing e comunicação da Môre (Môre Talents for Tech/Divulgação)

Trabalhos que envolvem tecnologia podem ser um dos maiores desafios para profissionais da terceira idade, afinal, são pessoas que não tiveram tanto contato com serviços e produtos digitais no início da carreira.Mas a falta de mão de obra para o setor tecnológico mostra que conhecimento nesta área atinge os mais jovens também. Com esse cenário, a Môre Talents for Tech, empresa com foco em produtos e serviços digitais, vai realizar um curso gratuito em setembro sobre Product e UX Design para pessoas acima de 40 anos, com foco em transição de carreira.

“Podem parecer jovens, mas são profissionais que, a partir dos 40, como temos notado aqui na Môre, estão na fase final de ciclo de carreira clássica e buscando efetivamente uma transição de carreira e a migração para o mercado de produtos digitais. Quanto antes esta transição ocorrer, melhor. Mas é importante destacar que nós consideramos 40+, ou seja, 45, 50, 55, 60…”, afirma Leo Xavier, sócio-fundador da Môre.

Essa transição de carreira, pode ser encarado para muitos como uma atualização profissional para atender o mercado digital. Xavier afirma que há jornalistas, por exemplo, que podem se tornar “ux writers” muito bem-sucedidos. Assim como pesquisadores, cientistas sociais e antropólogos podem se tornar um “ux researchers”, e designers gráficos em designers digitais. “Estes profissionais têm conhecimento, mas podem estar atuando em mercados em declínio ou com uma remuneração não tão robusta. Eles podem migrar para a área de produtos digitais e rapidamente ter uma aceleração de carreira e uma remuneração mais condizente com sua especialidade.”

Entre as metas de diversidade, a Môre faz um censo interno semestral para acompanhar esta evolução e dá bônus para quem indica: “Se a pessoa for contratada pela Môre Talents for Tech, quem a indicou recebe uma remuneração.”

Atualmente, 19% da equipe da Môre é formada por pessoas 40+ e a expectativa é de chegar a 21% ainda em 2023.

  • Há oportunidade de trabalho para pessoas da terceira idade? O Grupo Pereira reforça que sim

Gerson Luis Trindade Rigo, de 61 anos, operador de caixa do Fort Atacadista, em Chapecó, SC (Grupo Pereira/Divulgação)

Uma pesquisa da empresa Ernst & Young e da agência Maturi, realizada com 200 empresas brasileiras, revelou que 78% das corporações se consideram etaristas e ainda têm barreiras na hora de contratar trabalhadores com mais de 50 anos.

Para reforçar o combate ao etarismo, o Grupo Pereira, tem oferecido oportunidades para profissionais 50+ em suas mais de 100 lojas espalhadas em 7 estados. A campanha de recrutamento começou em maio deste ano e já conta com mais de 500 colaboradores acima de 50 anos.

Essa é uma das ações que reconheceu o Grupo com o selo internacional Certified Age Friendly Employer, do norte-americano Age Friendly Institute, que atesta boas práticas contra o etarismo.

“Empregar pessoas 50+ é uma oportunidade estratégica. Esse processo de inclusão torna a empresa mais diversa e consciente de seu papel por espelhar melhor nossa sociedade, que vem, ao mesmo tempo, tendo uma inversão na pirâmide etária devido, entre outros fatores, ao aumento da longevidade”, afirma Paulo Silva, diretor de Gente & Gestão do Grupo Pereira.

O diretor afirma que a primeira rodada de contratação voltada para os 50+ foi realizada neste ano e surpreendeu positivamente a empresa, e agora fará parte do calendário de ações: “Já estamos planejando as próximas iniciativas para esse público no próximo semestre. Com certeza, o número de profissionais 50+ no Grupo Pereira ainda vai crescer muito.”

A companhia conta hoje com mais de 17 mil colaboradores. Desses, mais de 12% estão acima dos 50 anos, ou seja, mais de 2.000 pessoas. “Todas as vagas disponíveis para trabalhar no Grupo Pereira também são voltadas para o público 50+. Desde o piso das lojas até os corredores administrativos e cargos gerenciais.”

O varejo é porta de entrada para milhares de pessoas no mercado de trabalho, seja como primeiro emprego ou para recolocação profissional. Diante dessa realidade de mercado, Silva reforça a importância dos trabalhadores mais experientes no setor.

“A parcela da população acima dos 50 anos tem se tornado cada vez maior, e muitos são os provedores de suas famílias, o que exige que eles continuem ativos no mercado de trabalho por mais tempo.”

“Para nós, profissionais da terceira idade é uma mão de obra que entrega, é produtiva e engajada, capaz de contribuir para a inovação nos negócios”, diz Silva.

Como combater o etarismo no mercado de trabalho?

A tecnologia chegou para todos, inclusive no ambiente de trabalho. A pesquisa “Design de futuros: internet na terceira idade” realizada pela consultoria Tuia, revelou que 60% dos entrevistados entre 60 e 92 anos foram introduzidos à internet através do seu trabalho, evoluindo no uso de aplicativos e dispositivos. O levantamento ouviu mais de 200 profissionais da terceira idade, de diversos perfis e regiões do Brasil.

“Se as empresas não dão oportunidades para os mais velhos continuarem no mercado, como eles irão se adaptar à novas tecnologias e softwares que são desenvolvidos diariamente?, diz Gilmar Gumier, fundador da Tuia.

Para combater o etarismo no mercado, o CEO da Tuia destaca algumas ações:

Criar vagas afirmativas para pessoas acima de 60 anos;

Divulgar e fomentar a contratação de pessoas da terceira idade através de redes sociais e não limitar a seleção de currículos em apenas uma plataforma específica: disponibilizar um e-mail ou até um número de WhatsApp para envio de currículo;

Disponibilizar vídeos explicativos explicando como utilizar a plataforma de currículos;

Realizar treinamentos de novos softwares e maquinários;

Evitar utilizar tecnologia que funcione apenas em dispositivos muito atuais;

Criar dispositivos e aplicativos que contemplem interfaces acessíveis, como fontes maiores, área de toque considerável e contraste de cores.

“Esses profissionais têm muito a agregar no mundo corporativo com as suas experiências de vida, proatividade e dedicação. As empresas precisam valorizá-los e criar ações para incluí-los no mercado de trabalho. Eles não podem ser uma classe excludente”, diz Gumier.

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