Brasil: superidosos de baixa renda?

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Afirma-se que pessoas acima de 75 anos, com desempenho da memória equiparável às de 20 anos mais novas são chamadas de superidosos. O fenômeno tem sido estudado em países ricos, mas agora, pela primeira vez, também é objeto de pesquisa no Brasil.

A neurologista Karoline Carvalho Carmona, pesquisadora da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), é quem desenvolveu a pesquisa junto ao Programa de Pós-graduação em Ciências Aplicadas à Saúde do Adulto, da Faculdade de Medicina da UFMG. Além de inserir o país na literatura internacional, ela apresentou resultados nunca vistos antes. Ela identificou superidosos em grupos de pessoas de baixa renda e com pouca escolaridade, além de verificar menor frequência de sintomas depressivos em comparação às pessoas da mesma faixa etária.

“No estudo, avaliamos os fatores associados (dados demográficos, de hábitos e qualidade de vida e dados clínicos) ao envelhecimento cerebral bem-sucedido (superidosos) em uma amostra de idosos acima de 75 anos, em que a média de escolaridade era bem baixa. Fizemos uma comparação entre o grupo de idosos com envelhecimento cerebral bem-sucedido e o grupo de idosos com envelhecimento habitual, e encontramos no primeiro uma menor frequência de sintomas depressivos e menor idade.

A maioria dos estudos com superagers é em países desenvolvidos, nos quais a escolaridade dos participantes costuma ser em média de 15 a 17 anos de educação formal. Somente o fato de encontrarmos tais indivíduos em uma amostra de escolaridade tão baixa, inclusive com a presença de analfabetos, já é uma novidade, além dos achados do estudo (associação com menor frequência de sintomas depressivos e menor idade)”, explica Karoline.

Karoline chama a atenção que o superidoso não envolve questão de gênero: “Não encontramos associação no meu estudo e não há descrição em outros também”.

Quem não gostaria de vir a ser um superidoso? No entanto, Karoline diz que ainda não é possível saber o que fazer para ter esse status: “Ainda não sabemos. Sabemos o que podemos fazer para tentar evitar o declínio cognitivo (hábitos de vida saudáveis, alimentação equilibrada e atividade física, controle dos fatores de risco cardiovasculares, como hipertensão e diabetes, não fumar, estimulação cognitiva etc.). Mas não sabemos ainda o que contribui para o surgimento de um superidoso”.

Nosso cérebro é rosado

Na Escola de Medicina da Universidade George Washington, EUA,  há estudos que demonstram que o cérebro de uma pessoa idosa é rosado muito mais prático do que normalmente se acredita. Nessa idade, a interação dos hemisférios direito e esquerdo do cérebro torna-se harmoniosa, o que expande nossas possibilidades criativas.

É por isso que entre as pessoas com mais de 60 anos você pode encontrar muitas personalidades que acabaram de iniciar suas atividades criativas.

Claro, o cérebro não é mais tão rápido como na juventude. No entanto, ele ganha em flexibilidade. Portanto, com a idade, temos mais probabilidade de tomar as decisões certas e menos expostos a emoções negativas.

O pico da atividade intelectual humana ocorre por volta dos 70 anos, quando o cérebro começa a funcionar com força total. Com o tempo, a quantidade de mielina aumenta no cérebro, uma substância que facilita a passagem rápida de sinais entre os neurônios.

Devido a isso, as habilidades intelectuais são aumentadas em 300% em relação à média.

Também interessante é o fato de que após 60 anos, uma pessoa pode usar 2 hemisférios ao mesmo tempo. Isso permite que você resolva problemas muito mais complexos.

O professor Monchi Uri, da Universidade de Montreal, acredita que o cérebro do idoso escolhe o caminho que consome menos energia, elimina o desnecessário e deixa apenas as opções corretas para resolver o problema. Foi realizado um estudo no qual participaram diferentes faixas etárias. Os jovens ficavam muito confusos ao passar nos testes, enquanto aqueles com mais de 60 anos tomavam as decisões certas.

Fontes: Estado de Minas e asmetro.org.br

 

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