De trailer, uma viagem pelos parques nacionais

Autor(a):

Paulistas já passaram por 40 das 74 áreas de preservação e deixaram tudo registrado nas redes sociais

Em junho de 2021, o economista Dennis Hyde e a psicóloga Leticia Alves pegaram a estrada a bordo de um trailer. A ideia havia surgido em 2018, quando visitaram o Parque Nacional Serra da Capivara, no Piauí, e se surpreenderam com o baixo número de visitantes. “Começamos a buscar um modo de ajudar”, diz Hyde. No ano passado, deram o pontapé em uma expedição para divulgar os 74 parques nacionais.

Buscando documentar e trazer visibilidade para as áreas, eles já conheceram 40. Após as visitas, diversos conteúdos são compartilhados nas redes sociais”. Para Leticia, é um privilégio que toda a sociedade tem. “Sinto como se estivesse conhecendo mais minha própria história, como brasileira.”

Entre as paradas, algumas têm cachoeiras, espécies de animais diferentes e climas distintos. “O Parque das Emas, em Goiás, é quase um zoológico ao ar livre, Cerrado, antigo e conservado”, conta a viajante.

Para Hyde um momento marcante da expedição foi no Parque Nacional do Iguaçu, no Paraná. “Foi esvaziando e ficou só a gente com as cataratas, quando no céu surgiram vários casais de pássaros, além de uma família de jacutinga, ave ameaçada de extinção e muito rara de se ver: estavam ensinando os filhotes a voar.”

Dentre as motivações que impulsionam o casal a continuar está a expectativa de que as pessoas reconheçam o valor desses lugares. “São fonte de água, abrigam biodiversidade. Queremos que os brasileiros saibam da importância, além de só ir tomar um banho de cachoeira”, diz Letícia.

FILHOS. Quando questionados sobre qual seriam os parques favoritos, a resposta é uma só: impossível escolher. “São como se fosse filhos, você não pode ter um favorito”, brinca o economista. Segundo eles, em todas as cidades o acolhimento é excelente, pelos moradores e guias das regiões, que ficam felizes com o intuito do casal.

NA ESTRADA. A casa móvel dos viajantes tem cozinha improvisada com geladeira, fogão a gás e pia; e quarto conjugado com sala, onde fica a cama do casal. Já ao lado do veículo é montada uma tenda como banheiro, com chuveiro e uma privada portátil.

Em cada lugar o período da estadia é por volta de 15 dias. Mas não dá para romantizar: alagamento, objetos quebrados, e visitantes inesperados como aranhas e um ataque de formigas entram na lista de “perrengues”. “Eu acordei e o teto estava preto, completamente tomado por elas”, diz Hyde.

Para o futuro ainda existem algumas incertezas. “Vamos escrever um ou dois livros talvez, ou nenhum. Estamos sempre abertos a novas oportunidades, ideias. Queremos que a vida se apresente para a gente”, contam os paulistas. Mas uma coisa já é certa: a vontade de continuar explorando e divulgando as belezas dos parques do Brasil.

O Estado de São Paulo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *