Este assunto não é novo. Certamente grandes escritores e poetas falaram dele com arte e beleza.
Mas … preciso falar sobre isso. É algo que está acontecendo agora na minha vida e não vai se repetir.
Num domingo de abril fomos ao batizado do meu sobrinho- neto. Um dos meus seis sobrinhos-netos. Tenho dos universitários aos recém-nascidos.
A cerimônia foi deslumbrante e, o brunch (uma invenção dos americanos: a mistura de café da manhã com almoço), foi cinematográfico. Conto mais adiante.
Quando saímos da capela do batismo, caminhávamos por uma alameda até o salão de festas.
Estávamos eu, Maria das Graças e Margarida Elisabeth, três das quatro irmãs. Percebi que haviamos formado uma pequena fileira. Conosco os avós do bebê, por parte do pai. Sem reparar fomos os primeiros a chegar.
O bebê foi o último a chegar. Foi trocar o traje de batismo da família do pai, muito antigo, em linho puro e bordados na Ilha da Madeira, em Portugal.
O homenageado já tinha mamado, tomado banho, tirado uma soneca e estava pronto para festa. Vestindo uma roupinha bem leve, estava animadíssimo.
A decoração do salão tendo seu rostinho e os de seus pais como tema era azul, branco e creme, com detalhes dourados bem discretos. O Céu. Lembrancinhas para todos os gostos, com as mesmas cores. Doces belíssimos, decorados com o rostinho dele, numa elegante mesa à parte.
O “brunch” estava disposto numa outra mesa, bem comprida, belamente arrumada com pratos variados. Mesa farta, variada e bem servida.
As famílias estavam nas mesas do salão dispostas em círculo. Novamente, as três irmãs.
Pela primeira vez tive a sensação de que nós _ das 3 sou a mais velha _ sairemos da festa mais cedo. Nossa geração é a da vanguarda na vida.
O milagre do nascimento desse bebê querido acompanhei num vídeo.
A minha sobrinha parecia uma madona italiana, a feição tranquila e feliz. O pai segurava o bebê e passava para ela. Os olhares dos 3 foram registrados no meu coração. Assim como a gravidez dela.
Fiz um retrospecto para a festinha dos seus 3 anos numa creche. Ela, de “maria chiquinha”, dançava com o vestidinho de organza branco que continuou limpo.
A vida prosseguiu. Ela cresceu. O apelo da vida trouxe intensidade, paixão, sofrimento, crescimento, sonhos. Realizações.
Formou-se, passou no concurso.
O milagre foi acontecendo e, de vez em quando, tomava uma nova forma. Agora, havia um filhote, gerado nela por seu marido. Amores. Amor, o maior milagre.
Na mesa das avós, conversamos, rimos, choramos como fazem as avós diante das novas e lindas fileiras que vêm se formando atrás delas (nós), naturalmente. Novas gerações.
E demos graças a Deus por isso. Perdemos nossos pais antes de envelhecerem.
Sem perceber, nossos filhos e netos vão nos empurrando com delicadeza para o Grande Mistério. Não sabemos quando, mas ela chegará. E conto com a tradição e as leis da Natureza segundo as quais os mais velhos partem mais cedo.
No Mistério não há nada para entender. Nem para perguntar. Se tudo ocorrer naturalmente, o filme terá um happy end. Natural.
É apenas com a Morte que recebemos a passagem para o Grande Amor. O mesmo Grande Amor que trouxe meu sobrinho-neto para a Vida.
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legenda da foto _ Geração
Republicação de 2016
COMENTÁRIOS
- Zelia14 de maio de 2016 às 21:55RESPONDEREXCLUIR
- Querida amiga … que lindo texto, que emoção poder ler de você o andar da roda da vida, que vem um dia ou outro para nós. Como você diz, os netos nos empurram delicadamente em direção ao grande Mistério. E Mistério, não temos a licença para entender. Saudades de você! Um beijo grande da sua BFF forever!
- Thereza Christina Pereira Jorge15 de maio de 2016 às 14:57
- Que comentário lindo, querida BFF. Você, melhor do que ninguém, para saber do que estou falando. Muito obrigada pelo seu comentário. bjs. Thereza