“Intimidade Indecente”, a história de todos nós

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 “Intimidade Indecente” é um espetáculo para quem um dia viveu um casamento e também para os que nunca se casaram mas já viveram muitos anos. É a história de um casal através do tempo, de uma clara linha do tempo que os descreve em etapas diferentes, como que atravessando décadas. Para o público, é quase  como estar no palco e rever suas vidas. 

Seus perfis estão ali como num filme: primeiro o casal ainda jovem com filhos adultos, depois quando se separam e escolhem novos destinos, depois quando ainda implicam um com o outro  analisando as culpas de ambos em seus desencontros, depois quando já cansados confidenciam sua enorme solidão e saudade do que foram. Eliane Giardini e Marcos Caruso interpretam o casal e se transformam ao longo do espetáculo, com a postura, o andar, o mover-se e a voz, mudando e envelhecendo ao sabor do tempo, como na vida. Usam todos os detalhes que nos transformam e sutis, não caem na caricatura imitando pessoas de 80 e 90 anos ou mais, que ainda não são. 

Todos se identificam, todos se emocionam e refletem, mesmo que a nostalgia e a saudade tenham lugar em sua memória. Há casamentos longos que se desfazem e mesmo assim o casal não se separe totalmente. Ficam amigos, têm sempre interesses comuns relativos a filhos e netos, eventualmente opinam sobre as questões pessoais de um e outro. É sobre isso o texto primoroso de Leilah Assunção. O espetáculo tem momentos de muito riso, tem o que refletir e pensar e nos coloca iguais na nossa condição humana de acertos e erros, com muita simplicidade. Estamos todos ali, em cena. E para um fecho de ouro, o final emocionante e surpreendente que é claro, não vou contar.

Zelia Prado

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