Mick Jagger celebra 80 anos com festa em Londres e novo álbum

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“O tempo não espera por ninguém — exceto Mick Jagger!”, brincam os artigos sobre o cantor à beira da octogenareidade. Ele despontou para o estrelato numa época em que seus colegas do Who cantavam “espero morrer antes de ficar velho” (“My generation”) e o lema (atribuído ao ator James Dean, de “Juventude transviada”) era “viva rápido, morra cedo e deixe um cadáver bonito”. O rock era, então, a promessa (póstuma) da eterna juventude, inacessível aos que apresentam os primeiros sinais do declínio físico. Jagger chegou para mudar essa escrita.

Sem dúvida, a longevidade artística do cantor se deve à reconhecida habilidade de Sir Michael Philip Jagger em gerenciar a sua própria marca. Incursões no cinema e uma carreira solo se provaram fiascos ou, no máximo, distrações. Mick Jagger é, para todos os efeitos, o cantor dos Rolling Stones, a grande máquina do rock que sobreviveu ao progressivo, ao punk, ao synthpop, ao rap, ao grunge e às boy bands como uma espécie de reserva (i)moral do estilo. A banda que jamais abandonou os palcos, mesmo quando lançava discos ruins (ou até quando não lançava qualquer disco).

Em 2013, num texto para o GLOBO sobre os 70 anos do cantor, Tony Bellotto, guitarrista dos Titãs, aventou a hipótese de que o inglês fosse uma espécie de Dorian Gray dos nossos tempos — em alguma de suas mansões existiria um retrato cujas feições envelhecem enquanto o homem seguia “exalando jovialidade e testosterona adolescente”. Aos 80, é inútil “esconder” as rugas. Mas graças ao DNA (seu pai viveu até os 93 anos), a dietas e a exercícios, e aos avanços da medicina (acessíveis a quem, como ele, tem toda uma fortuna), Jagger consegue, mesmo depois de ter operado o coração em 2019, cantar e dançar sem perder o fôlego e tocar o circo dos Stones.

É assustador pensar que, desde que Mick Jagger fez 70, partiram deste mundo David Bowie, Lou Reed, Prince, Tina Turner, Chuck Berry, Jerry Lee Lewis e até mesmo Charlie Watts, o pacato baterista dos Stones. Com Keith Richards (que completa 80 anos em 18 de dezembro e certamente irá sobreviver à Humanidade e às baratas), ele prepara o lançamento de um álbum de inéditas do grupo (o primeiro desde “A bigger bang”, de 2005), com as participações do beatle Paul McCartney e do ex-baixista dos Stones, Bill Wyman, de 86 anos. Um disco que deve levá-los aos palcos, onde, desde 1980, já arrecadaram a cifra de US$ 2,1 bilhões.

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