Minha Idosa Favorita, DJ Gloria Mansson, 79

Autor(a):

Ela morou no Rio, se apaixonou por um brasileiro, casou e teve uma filha, Anna

Madelein “Gloria” Månsson começou a carreira nas pickups há pouco mais de 15 anos, após o luto pela morte do marido. E criou a própria “balada” – permitida apenas para o público maior de 50 anos. “As pessoas precisam mostrar identidade para entrar”, diz a DJ Gloria. Nomeada a DJ mais idosa da Suécia, Gloria ficou famosa em seu país e conta com uma legião de fãs. E os lugares de apresentação são disputados. “Vou intercalando os bpms (beats por minuto) e consigo encaixar vários ritmos”, diz ao Estadão.

Antes de pensar em se tornar DJ, ainda nos anos 1980, ela morou no Rio de Janeiro. Veio ao Brasil como turista e decidiu que voltaria para ficar, “talvez por um ano”, lembra. Não contava se apaixonar por um brasileiro, seu primeiro marido, com quem teve uma filha, Anna, hoje sua parceira de negócios.

Por aqui, aplicou sua expertise como designer de moda para produzir roupas destinadas à comunidade sueca que vivia no País. Do ex-companheiro, guarda boas lembranças. “Ele era muito diferente dos suecos. Um macho man, sempre com um sorriso, uma boa história, irresistível”, explica. E se apaixonou também pela música que, para ela, é “a mais maravilhosa do mundo”.

Quando a filha tinha 3 anos, o casamento chegou ao fim e Gloria voltou para a Europa. Casou-se novamente – com um sueco, dessa vez. A vida seguiu seu curso até o marido ficar doente e ela dedicar nove anos ao seu cuidado. O parceiro não resistiu e, após a morte, em 2009, ela se viu deprimida.

As pessoas queridas, em um movimento clássico, recomendaram que ela entrasse para uma aula de ginástica. Ela concordou, mas a primeira experiência não foi boa. “Eu odiava as músicas, o lugar.” Depois, sentindo-se deslocada, matriculou-se em aulas para o público sênior. A segunda experiência foi tão deprimente quanto a primeira. “Logo busquei me especializar para poder ensinar ginástica a pessoas da minha idade”, ressalta.

Aos 62 anos, impelida a investir nesse público, no qual ela também se encaixava, decidiu voltar a estudar e fez um curso de educação física. Chegou a gravar DVDs em que ensinava exercícios dirigidos ao público da terceira idade.

NOVA CARREIRA. Suas aulas foram um sucesso, muito por causa da música que colocava para tocar durante os exercícios. “Eu alternava as músicas de acordo com o ritmo e os movimentos”, enfatiza. Ali, mais uma nova carreira começava a surgir no horizonte.

Ao voltar a estudar, Gloria passou a conviver mais com jovens. Chegou a acompanhá-los em festas, sem esconder a inadequação. O público beirava os 20 anos e as boates abriam muito tarde. Ela até implica com o termo “boate” (club, em inglês). “Me avisaram que não se fala mais ‘discoteca’. Pois eu falo!”, avisa. Talvez isso também a tenha incentivado a criar uma festa do seu jeito.

Sempre apaixonada por música, ela aprendeu a discotecar e começou a tocar tudo o que gostava, de hits de outros tempos até os mais atuais. “Tenho milhares de músicas no meu computador. Em cada festa toco algo diferente”, completa.

A boate – ou, discoteca – que tem em sociedade com a filha, Anna, é exclusiva para maiores de 50 anos e as festas começam às 18h. Mas, nas edições itinerantes, toca para um público variado.

A DJ conta o que a fez idealizar esse conceito inicialmente exclusivo: “Essas pessoas não dançam há tantos anos… E, quando saem, os pais sentem vergonha de dançar perto dos filhos e os filhos definitivamente não querem dançar com os pais. Porque eles ficam loucos!”, conclui. Pergunto qual conselho ela daria para quem precisa dar nova cor à vida, assim como ela fez tantas vezes. “Dancem!”, diz. “Mexam-se!” •*

“Dançar é importante, pois libera endorfina, que nos mantém animados. Pode ser em casa, sozinho, ou em um clube. Quando acabar a noite, você estará mais feliz, eu garanto” DJ Gloria

Estadão

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *