Brasil tem 26 cidades ‘amigas do idoso’ e mais de 5 mil municípios

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Age-friendly. Diferentemente do publicado no título da página A20 de 3/3, o Brasil tem 34 cidades consideradas pela OMS “amigas do idoso”. Estadão 5.3

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Conceito criado pelo médico brasileiro Alexandre Kalache na OMS avalia 8 aspectos, que incluem desde espaços abertos até participação cívica

A foto destacada é do Passeio Público Municipal de Curitiba, última capital avaliada pela OMS

Andar de ônibus no Rio é tão difícil quanto ganhar uma medalha olímpica. Se o passageiro for idoso, então, nem se fala: a missão é praticamente impossível. Quem garante é o gerontólogo Alexandre Kalache, presidente do Centro Internacional de Longevidade Brasil e morador de Copacabana, um dos bairros com a maior concentração de idosos do País.

Depois de fazer sinal para o motorista, o usuário de transporte público precisa embarcar no veículo. Nessa hora, ele tem de ser quase um atleta de salto em altura. Afinal, os degraus são altos e o acesso, para lá de difícil. “Ônibus são construídos em chassis de caminhão”, explica.

Kalache é o médico que, em 2007, ajudou a criar o conceito de cidade amiga do idoso. À época, era diretor do departamento de envelhecimento e saúde da Organização Mundial da Saúde (OMS). Uma cidade é considerada amigável se atende a oito aspectos da vida urbana: espaços abertos e prédios, transporte, moradia, participação social, respeito e inclusão social, participação cívica e emprego, comunicação e informação, e apoio comunitário e serviços de saúde.

No caso do transporte, a cidade-candidata precisa preencher, entre outros requisitos, tarifas baixas, assentos preferenciais e motoristas gentis. Ônibus superlotados? Nem pensar!

BALANÇO. Desde sua criação em 2007, 1.542 cidades em 51 países já ganharam o status de “age-friendly” da OMS. Só no Brasil, são 34. Dessas, 26 estão no Paraná, quatro no Rio Grande do Sul, duas em São Paulo, uma em Minas Gerais e uma em Santa Catarina.

A primeira a conquistar o título foi Veranópolis (RS), a 170 km de Porto Alegre, em 2016. A mais recente, Curitiba (PR), em 2023. “Não basta viver muito. Temos de viver bem”, ensina o prefeito, Waldemar De Carli, de 71 anos. “Um dos segredos para se viver mais e melhor é começar a cuidar da saúde o quanto antes – de preferência, ainda na infância ou na adolescência.”

O município gaúcho de 26,8 mil habitantes ostenta outro título (extraoficial) curioso: a “Blue Zone brasileira”. O termo Blue Zone (“Zona Azul”, em livre tradução) foi criado pelo jornalista norte-americano Dan Buettner em 1999 para designar cidades com a maior proporção de centenários do planeta. Ao todo, são cinco: Loma

Linda (EUA), Nicoya (Costa Rica), Sardenha (Itália), Ikaria (Grécia) e Okinawa (Japão). Seus habitantes vivem muito e adoecem pouco.

Se a OMS estipulou oito critérios para uma cidade ser considerada amiga do idoso, Buettner elaborou uma lista com nove condições para alguém chegar aos cem anos com saúde. Vão desde adotar técnicas antiestresse, como tirar uma soneca à tarde ou fazer uma refeição entre amigos, até ter um propósito na vida (o popular “ikigai” dos japoneses).

IDL. Há, no Brasil, outro estudo para avaliar as cidades ideais para quem quer viver mais e melhor. É o Índice de Desenvolvimento Urbano para Longevidade (IDL), criado pelo Instituto de Longevidade. Mas, nesse caso, os critérios de avaliação são diferentes daqueles usados pela OMS. Entram na conta, por exemplo, questões como participação social, segurança, educação, capacidade de ofertar serviços e recursos humanos de saúde, além das condições econômicas e financeiras das cidades e de seus habitantes 60+.

Em sua terceira edição, o IDL 2023 apontou São Caetano do Sul (SP) como a preferida dos idosos entre as cidades grandes (acima de 100 mil habitantes). Já São Lourenço (MG) e Peritiba (SC) foram as escolhidas entre as cidades de médio porte (entre 34,8 mil e 99,9 mil habitantes) e pequeno porte (até 34,8 mil), respectivamente, como as mais bem preparadas para cuidar de sua população idosa. O ranking é feito a cada três anos, com base em três variáveis: economia, socioambiental e saúde.

Quando indagado se as cidades brasileiras estão preparadas para o envelhecimento de seus habitantes, Gleisson Rubin, diretor do Instituto da Longevidade, é taxativo: “Têm muito a melhorar”. E justifica: “Todos os 5.570 municípios brasileiros foram avaliados e apenas 428, o que equivale a meros 7%, alcançaram um desempenho considerado satisfatório”. •

  • Todos os 5.570 municípios foram avaliados e apenas 428 tiveram resultado considerado satisfatório.

Estadão

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