Aprendendo a Envelhecer _ Mudar para um país estrangeiro sem querer

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Nunca gostei de viajar. Nem a passeio. A melhor hora da viagem era sempre olhar pela janela do avião e reconhecer o Cristo Redentor e a Baía da Guanabara.

Hoje, forçada pelo Envelhecimento Ativo, sou obrigada a me disciplinar e introduzir o gosto pelas mudanças na minha vida. Mudanças físicas, mentais, emocionais e espirituais. Haja mudança.

Como tenho a certeza de que todas as fases da vida _  não posso generalizar o que vou dizer em seguida _  repeti uma contabilidade simples:  ônus e bônus de cada fase.

Meu raciocínio é o seguinte: se assim foi no passado, deve se repetir no presente. Envelhecer. Cabe a mim descobrir esse país aparentemente hostil e desprovido de  conhecimento. É como se estivesse sozinha nesse continente. Sem amigos, sem família e sem referência. Ninguém pode me passar a experiência de descobrir as novidades e atrações desse novo lugar. Nem os riscos.

Ainda bem que tenho uma tendência ao otimismo mesmo sendo uma pessoa melancólica congênita. Paradoxo dos paradoxos. Sou eu.

Meu pai falava a propósito o seguinte: God made you and threw away the recipe… Ou seja: Deus criou você e jogou fora a receita…  Às vezes como elogio, às vezes como crítica.

Sei que meus filhos estão por perto e que encontrarei muitos  amigos por aqui. Sei que vou me divertir novamente com eles. Com os livros. No karaoquê. Na praia. Na minha praia. Aquele cantinho intocado da praia e da Av. Atlântica, cheio de árvores, cujo limite é o paredão do Forte Copacabana. Tem um portão  azul sempre aberto porque ali os pescadores guardam seus barcos.

Thereza Christina Pereira Jorge

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