Sala de Aula _ Cérebro humano aprende de forma mais eficiente que IA

Autor(a):
https://wp.me/p9rTpR-7XJ

Estudo de Oxford promete implicações importantes para o desenvolvimento e o avanço de sistemas de inteligência artificial

Órgão humano utiliza configuração prospectiva, que parece reter melhor as informações

Uma pesquisa conduzida por cientistas da Universidade de Oxford, no Reino Unido, apontou diferenças cruciais entre o aprendizado em máquinas e o processo cognitivo humano. Apesar dos recentes e rápidos avanços tecnológicos, o estudo aponta que o cérebro biológico tem uma abordagem mais eficiente do que a inteligência artificial.

A descoberta, publicada neste mês pela revista Nature Neuroscience, pode representar uma mudança na compreensão da aprendizagem. E promete implicações importantes para o desenvolvimento e avanço de sistemas de inteligência artificial inspirados em princípios biológicos. “Prevemos que nossas descobertas possam mudar o modelo de hardware de aprendizado de máquina da próxima geração e ser mais próximo do cérebro e potencialmente muito mais eficiente”, afirmam os pesquisadores.

Nos sistemas de inteligência artificial, destaca o estudo, a retropropagação é o método predominante. Por esse modelo, a diferença entre a informação desejada e a produzida pela rede neural é retroativamente transmitida para ajustar os chamados pesos sinápticos. Esses pesos estão ligados às forças ou à eficácia das conexões entre os neurônios em uma rede neural.

Diferentemente das máquinas, que ajustam as conexões após o erro, a pesquisa sugere que o cérebro biológico utiliza a “configuração prospectiva”. Nesse processo, a atividade neural é estabelecida antes das modificações nos pesos sinápticos, preservando o conhecimento existente e acelerando o processo de aprendizado. Simulados em computadores, os modelos que adotam essa configuração aprendem de maneira mais rápida e eficaz do que as redes neurais artificiais. Isso ocorre especialmente em tarefas desafiadoras encontradas por animais e humanos na natureza.

O SALMÃO E O URSO.

Os pesquisadores ilustram a eficácia da configuração prospectiva com o exemplo da pesca de salmão por um urso. Em situações onde um sentido, como a audição, está comprometido, a configuração prospectiva permite que o conhecimento persista. Ou seja, o urso seguirá na tentativa de pescar o salmão, já que os demais conhecimentos prévios estão intactos.

Já em grande parte dos modelos de redes neurais artificiais, uma interferência desse tipo pode significar prejuízos em todo o sistema. Nesse caso, seguindo o exemplo, o urso não teria capacidade de continuar a tentativa de pesca.

Segundo o professor associado do Núcleo Interdisciplinar de Neurociência Aplicada da Universidade Federal do ABC (UFABC), João Ricardo Sato, embora amplamente utilizada, a retropropagação ainda é limitada. “É pouco adaptativa e relativamente lenta quando comparada aos sistemas biológicos como o cérebro”, diz. •

O Estado de S. Paulo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *