Asilos lotados em SP

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Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o número de idosos no Brasil cresceu 38,8% entre 2012 e 2022, e representa cerca de 15 % da população total no país, que não está preparado para oferecer serviços sociais capazes de cobrir essa demanda. Em São Bernardo, apenas três instituições de amparo social para idosos – que têm parceria com a prefeitura há 20 anos – receberam aumento no repasse de verba para suporte do custeio, mas as instituições precisam buscar alternativas para manter as operações.

Desde o início de fevereiro, a Casa de Velhinhos Dona Adelaide, a Casa de Amparo Social Asilar e a Casa São Vinte de Paula tiveram aumento de repasse de 25,36%,o que transformou R$ 2.700 por morador em cerca de R$ 3.384 por mês. Porém, de acordo com as administrações das casas, esse valor não é o suficiente para custear a casa.

Administrador e representante legal da Casa de Velhinhos Dona Adelaide, Henrique Nascimento Martins afirma que o valor médio de custeio de um idoso morando na instituição é de R$ 5.800 mensais, segundo levantamento realizado pela casa em dezembro de 2022.

Como a verba disponibilizada pela prefeitura não é suficiente, a instituição recorre a outras fontes de renda para o fechamento de contas. Eventos são exemplos dessa via secundária, que também conta com doações mensais de pessoas físicas, e sazonais de pessoas jurídicas, em casos de necessidades específicas como manutenção do espaço físico. Outra alternativa de caixa é o bazar da instituição que comercializa roupas e utilitários e representa em torno de 30% do custeio da casa.

Segundo Henrique, as maiores dificuldades em relação à manutenção da casa são o custeio da folha de pagamento, que arca com a remuneração de 43 pessoas, o atendimento de saúde dos serviços médicos públicos e a falta de medicamentos à disposição no SUS (Sistema Único de Saúde), apesar de contar com alguns benefícios como a vacinação contra o Covid-19 e contra a gripe, realizadas no próprio estabelecimento, que abriga 30 moradores.

A gerente administrativa da Casa São Vicente de Paulo, Vera Higino Ferreira, afirma estar feliz com o aumento, mas também ressalta as dificuldades para custear a instituição. Vera conta que o valor anterior de repasse cobria cerca de 75% do custeio de recursos humanos, e o aumento será proveitoso para o dissídio dos funcionários, que ocorrerá em março de 2023. Além de realizar um bazar e outros eventos para obter receita, a casa conta com um estacionamento, o qual o lucro é revertido para a instituição.

DESAFIOS – Para a geógrafa Suelen Pelissaro, um dos maiores problemas em relação ao envelhecimento da população, além de aspectos previdenciários, por exemplo, é a condição  sob a qual essa população envelhece. O estatuto do idoso já é visto como um grande avanço no sentido de atenção com esse grupo social, que enfrenta invalidez laboral, problemas de saúde específicos da idade, redução da mobilidade, falta de acesso à moradia com uma estrutura capaz de atender suas necessidades.

Na avaliação de Suelen, é importante que haja também uma ressignificação, por meio da educação, do olhar com o idoso, na medida em que está inserido em uma sociedade em que o poder de trabalho é muito valorizado, e consequentemente, a juventude. “O governo e a sociedade brasileira não têm um bom preparo em relação ao envelhecimento, se comparado a países de primeiro mundo, na medida em que esses problemas estão surgindo recente e gradualmente, e a mudança fundamental para lidar com eles está em ressignificar a velhice, não apenas com inserção no mercado de trabalho, mas também se utilizando de pontes intergeracionais”.

Esta reportagem foi produzida por estagiários da

Redação Multimídia do curso de Jornalismo da Universidade Metodista de São Paulo

Esta reportagem está sendo republicada mas o problema dos asilos lotados está presente em BH e em todo o Brasil.

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