Educar para a autonomia: a ferramenta contra a violência

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O dinamarquês Ebbe Johansen, um dos líderes da DaneAge,  tem como luta a importância de os idosos participarem nas decisões políticas que os afetam e de construírem projetos que deem respostas às suas necessidades.

Já depois dos 70 anos, este engenheiro civil e antigo responsável na IBM é um dos líderes da DaneAge, a associação que representa 40 milhões de europeus, incluindo os portugueses da Associação de Aposentados Pensionistas de Reformados ( APRe!), que no fim de semana se reuniram em Lisboa para debater que o “Futuro não tem idade.”
Foram apontados caminhos importantes. A ideia é que a idade já não é o limite, mas que é a saúde que define a altura em que deixamos de ser ativos e autônomos. Esta é uma discussão importante, porque a definição cronológica do envelhecimento já não deve ser um critério. Se conseguirmos nos manter autônomos vamos conseguir ter uma vida ativa.

.Autonomia, ferramenta contra a violência

O que é: capacidade de autogovernar-se, de dirigir-se por suas próprias leis ou vontade própria; soberania.

Tenho lido muitas notícias anunciando o rejuvenescimento radical, o controle das comorbidades do envelhecimento. Acredito que a Ciência vai chegar muito perto de adiar a Morte. Talvez, apenas para os ricos.

Uma ferramenta que tenho descoberto como fundamental para prolongar a qualidade de vida e controlar a velocidade do envelhecimento é muito simples. Ricos e pobres receberam este dom: autonomia.

É trabalhoso desenvolver essa ferramenta. O envelhecimento traz uma acomodação natural mas nem sempre positiva. Se a gente não reagir, ela toma conta. E vai nos enfraquecendo física e mentalmente.

No Manual de Enfrentamento à Violência contra a Pessoa Idosa (Brasília, 2014) consta que a dependência do idoso é um terreno fértil para as condutas violentas do seu cuidador/cuidadora, profissional ou informal.É confortável contar com a ajuda no cotidiano. “Você pode esquentar o meu almoço e me servir, por favor?”

Não há mal nenhum em certa “mordomia”. Ocorre que se ela não for  necessária _ uma pessoa que tem limitações, tudo bem _ o conforto excessivo vai nos fragilizar e atrapalhar muito.

Estudos revelaram que o exercício da autonomia prolonga a saúde, mantém a autoconfiança e cria defesas para resistir à violência.  É o que se chama de “idade subjetiva”. Sentir-se mais jovem pode ajudar a prolongar a vida.

Até então, a ideia de como chegar nesse “estado mental” (sentir-se mais jovem) não era muito clara.

A pesquisa foi desenvolvida por Jennifer Bellingtier, doutora em Filosofia, e apresentada na convenção anual da Associação Americana de Psicologia (APA, na sigla em inglês). Ela acompanhou, durante nove dias, 116 adultos com idades entre 60 e 90 anos, e 106 adultos de 18 a 36, segundo informações da revista Time.

A cada dia, os participantes respondiam com quantos anos e com quanto controle sobre suas vidas eles se sentiam.  A variação dessa “idade subjetiva”, já estudada anteriormente, mostrou-se presente no estudo. A pesquisadora constatou que, quanto mais os idosos se sentiram no controle, mais jovens eles disseram se sentir.

Segundo Bellingtier, os benefícios dessa sensação de autonomia podem ser de dois tipos. Por um lado, pode aumentar a saúde mental e diminuir a idade subjetiva. Por outro, pode motivar as pessoas a fazer escolhas mais saudáveis. “Você sente que suas ações são importantes”. Nesse sentido, permitir que idosos sob cuidados tenham mais escolhas pode ser positivo.

Escolher suas próprias refeições, um livro para ler ou uma atividade para praticar podem parecer atitudes básicas do dia -a -dia de um adulto. Para um idoso em uma casa de repouso, porém, esse tipo de autonomia pode se tornar rara – e especialmente valiosa.

A violência contra idosos cresceu em Alagoas no ano de 2022. A Ordem dos Advogados do Brasil em Alagoas (OAB/AL) divulgou nesta quinta-feira, 20, que foram registradas 34 mortes violentas no estado, sendo 32 vítimas do sexo masculino e duas do feminino.

Como uma realidade ainda a ser combatida no País, saber identificar os casos de violência contra a pessoa idosa se mostra essencial. A quebra dos vínculos sociais é apontada pelo Conselho Estadual dos Direitos do Idoso no Ceará (Cedi) como a primeira manifestação na maioria das ocorrências. “Se eventualmente você percebe um idoso que tem uma mudança brusca de comportamento, perde os vínculos com amigos, com a sociedade, os grupos que faz parte, pode ser a primeira manifestação que algo está acontecendo”, esclarece Raphael Castelo Branco, presidente do Cedi, também presidente da Comissão dos Direitos da Pessoa Idosa da Ordem dos Advogados do Brasil Secção Ceará (OAB-CE).

Obstáculos

Um dos obstáculos enfrentados pela rede de proteção é a subnotificação das denúncias, ainda segundo explica o presidente do Cedi, uma vez que os casos são, geralmente, cometidos por pessoas de proximidade direta com o idoso.

“A vítima nega a existência da violência porque não quer denunciar o próprio filho, o próprio neto. O segundo desafio é a questão do trabalho em rede. Muito embora a gente tenha avançado com os conselhos, o Ministério Público, e a própria Delegacia de Proteção ao Idoso e Pessoa com Deficiência (DPIPD), a gente acha que esse trabalho ainda precisa ser melhorado. Muitas vezes, na mesma denúncia, você tem dois, três órgãos atuando ao mesmo tempo, e cada um com suas particularidades”, comenta.

Outro ponto destacado é a falta de informação, seja da parte do idoso como da sociedade no geral, que ainda desconhece direitos e formas de violência. “Principalmente, quando a gente fala de outro tipo de violência, que é a financeira/patrimonial – que no interior do Estado tem crescido muito – principalmente com a questão de empréstimos consignados”, diz Raphael.

Pernambuco
O Projeto ‘60+ em Ação – Políticas Públicas Integradas’ foi escolhido para mais uma fase do Prêmio Innovare 2023. A iniciativa é articulada pela Caravana da Pessoa Idosa do Ministério Público de Pernambuco (MPPE), junto ao Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE), Ministério Público de Contas (MPCO-PE), Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-PE), Conselho Regional de Contabilidade (CRC-PE), Associação Municipalista de Pernambuco (Amupe), Grupo Mulheres do Brasil, Instituto de Pesquisa da Terceira Idade, Conselho Estadual de Direitos da Pessoa Idosa (CEDPI) e Centro Universitário Frassineti do Recife (UNIFAFIRE), bem como a Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) e Associação Nacional dos Procuradores Municipais (ANPM) como instituições colaboradoras.

O objetivo do projeto é desenvolver ações, em uma perspectiva interinstitucional, principalmente de instituições que têm a missão de acompanhar e fiscalizar a gestão pública, bem como o controle social, com foco no fortalecimento dos conselhos e dos fundos de direitos da pessoa idosa em Pernambuco.

A ação está alinhada com o mapa estratégico 2018-2023 do MPPE, no que se refere ao objetivo de “assegurar o respeito aos direitos dos grupos vulneráveis“, pois os Conselhos Municipais de Direitos da Pessoa Idosa são locais naturais para debater sobre as políticas públicas para esse grupo social, por serem órgãos deliberativos, constituídos de forma paritária por representantes do governo e da sociedade civil.

Já os Fundos de Direitos da Pessoa Idosa são criados por lei, nas quais há previsão de receitas para financiar os programas e as ações relativas à pessoa idosa com vistas a garantir os seus direitos e criar condições para promover sua autonomia, integração e participação efetiva na sociedade.

Com o projeto, houve claras melhorias. No início de 2020, o Estado contava com apenas oito fundos regulares, sendo um deles o estadual. Agora, Pernambuco ocupa o 1º lugar na região Norte e Nordeste, com 63 (33,87%) e o 6º lugar no ranking nacional de fundos de direitos da pessoa idosa aptos a doação em 2023.

Thereza Christina Pereira Jorge

com os Alertas do GOOGLE

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