Estrangeiros são maioria da população da cidade com 65 anos ou mais; muitos não possuem reservas financeiras, e alguns lidam com o isolamento social
Imigrantes idosos como Palacios agora compõem um pouco mais da metade da população de Nova York com 65 anos ou mais. Desde 2010, os números aumentaram mais que o dobro da taxa de idosos nascidos nos EUA, principalmente devido ao envelhecimento de imigrantes que chegaram décadas atrás como jovens adultos e trabalhadores. Muitas dessas pessoas afirmam nunca ter esperado envelhecer na cidade — e, após anos dizendo que irá embora “amanhã”, não estão preparados para essa realidade quando ela chega. Outros ficaram por não conseguir imaginar deixar os filhos e netos que têm no local.
A organização tem tentado ajudar Palacios, o idoso pintor de casas, que espera na calçada com outros trabalhadores diários mesmo quando suas pernas doem e ficam dormentes. Ele, que não tem documentos, disse que não voltou para o Equador desde que saiu há quase quatro décadas porque teme que não seja permitido retornar aos Estados Unidos. Lágrimas escorriam por seu rosto ao lembrar que nunca teve a chance de ver seus pais novamente e teve que perder os funerais de ambos.
O crescimento rápido da população de 65 anos ou mais na cidade, hoje estimada em 1,4 milhão, é impulsionado pelos imigrantes idosos. De acordo com uma análise do censo pela Social Explorer, empresa de pesquisa de dados, em 2022 havia 713 mil imigrantes idosos. O número representa um aumento de 57% desde 2010. Durante o mesmo período, a quantidade de residentes idosos nascidos nos EUA aumentou 25%, totalizando 678 mil. Os idosos que nasceram em outros países tornaram os bairros da cidade mais diversos, e ajudaram a manter a economia em movimento, embora hoje ameacem sobrecarregar os serviços sociais limitados em uma cidade que já enfrenta a crise imigratória.
Ainda que muitos idosos enfrentem dificuldades financeiras e isolamento social, os imigrantes podem ser os mais afetados, segundo especialistas em imigração. Eles tendem a ter menos educação do que os nascidos nos Estados Unidos, e são menos propensos a ter renda de aposentadoria ou investimento, apontou a análise do censo. A renda anual média para um imigrante idoso foi de US$ 14,5 mil (R$ 70 mil), quase metade dos US$ 30 mil (R$ 145 mil) para um idoso americano. Sem reserva financeira, alguns imigrantes idosos também recebem ajuda limitada devido a barreiras linguísticas e culturais, e os que não possuem documentos não têm direito a receber nenhum valor.
A NYC Aging, uma agência da cidade com um orçamento anual de US$ 523 milhões (R$ 2,5 bilhões), continuará a fornecer refeições gratuitas e outros programas para idosos, mesmo quando a cidade enfrenta uma crise fiscal, incluindo os custos de abrigar migrantes que buscam asilo, disse Edgar Yu, um porta-voz. Mas isso não é suficiente para atender às necessidades da crescente população idosa, disse a vereadora Crystal Hudson, uma democrata do Brooklyn que, como presidente do comitê de envelhecimento do conselho, apontou que menos de 1% do orçamento geral da cidade é gasto em serviços para idoso