Aprendi noutro dia uma expressão que me inspirou a escrever este texto. Paisagem mental. E os recursos mais comuns para modificá-la.
O autor, um psiquiatra paulista, criticava as pessoas que estão consumindo calmantes para fazer isso.
Comentei comigo: ele deve ser um homem maduro. Ainda não passou pela porta confusa e turbulenta chamada Envelhecimento.
A preocupação do médico é justa. Acontece que o envelhecimento às vezes assusta a ponto de despertar vontade de fugir…
Viva a paisagem mental, recurso preferido na pandemia.
A nova paisagem às vezes surge com ajuda um café forte! Outras com um filme. Um hobby. Um abraço e …. um brigadeiro? Um mergulho na praia. Uma taça de vinho.
Perguntei a mim mesma qual o principal escape do cenário cinza e melancólico que às vezes assombra? Veio à mente a paisagem mental da praia em frente ao prédio do lado do Country Clube, na Av. Vieira Souto, dos meus dois/três anos. Em uma tarde de chuva de verão.
Uma chuva de verão, quente, límpida e que sempre trazia o sol. Eu ficava na janela esperando o sol chegar. E ele chegava. A babá Antonia então me levava até a areia já morna e eu brincava até o pôr-do-sol. Paisagem mental predileta e terapêutica.
De tanto praticá-la, os momentos intensos cheios de medo foram ficando cada vez menos assustadores e mais fáceis de distrair. À medida que o exercício prosseguia, o medo dava lugar a uma sensação de paz e segurança. Nesses momentos, a alma aquietava e envelhecer tinha um sabor quase de goiaba.
Thereza Christina Pereira Jorge