Envelhecer no Século XXI? Males temperados com alegrias

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Idoso, velho, terceira idade, melhor idade, 60 +, experiente, sábio, são características de parte da população que se destaca no século XXI, isso devido a mudanças estruturais que a sociedade conjuntural vive. De acordo com Estatuto do Idoso é considerado idosa a pessoa com mais de 60 anos de idade. O referido documento preconiza em seus artigos direitos fundamentais, sociais no tocante à vida e atuação, participação da pessoa Idosa, respeitando o direito humano e personalíssimo de envelhecer. A Carta Magna de 1988 aponta que a família, a sociedade, o poder público são responsáveis por cuidar dessa faixa etária, sendo a família seu principal responsável.

Diante das legislações postas, cabe a reflexão de como deve ser sobreviver na condição de idoso nessa sociedade conjuntural, de que maneira a família trata esse ser social em sua residência. Diante da extensão territorial do País, dinamicidade da economia em caos, diferenças de classes sociais, desiguais, onde alguns contam salários abastados, a maioria instalada no salário mínimo e programas estatais de mínimos sociais, os órfãos de recursos entram na fila da miséria da razão, a catar ossos e sobras buscando se alimentar. Fator histórico, as mazelas da sociedade se apresentam, toda família conta um idoso, muitas, incapazes de suprir vida digna, exigência e direito estabelecido no seu Estatuto.

De acordo com IBGE, em 2050, o Brasil será o quinto País com a maior população de idosos, no mundo, O trabalhador que conta, hoje, 29 a 30 anos de idade fará parte dessa população em um Brasil de desigualdade escancarada, cuja divisão territorial geográfica delimita, pelo valor de compra, o lugar permitido ao ser social. Nas metrópoles, essa realidade já separa as classes por meio dos muros que protegem os jardins, quando, ao lado, e na periferia da urbe os incontáveis amontoados de barracos dividem pobreza e exclusão a partir da sonegação do saneamento básico, da água colhida da chuva em latões, debaixo do telhado montado a mosaico de vida e morte ao que parece, para abrigar. Não há como fazer alusão à categoria do idoso pobre sem percorrer com conhecimento de causa a realidade, segundo os mais ricos, inimigos dos programas de inclusão humanitária, via mínimos dos mínimos sociais, as pobrezas absolutas não existem.

Tem se um Sistema Único de Saúde (SUS), estrutura teórica lúdica, fragilidades palpáveis. A pessoa idosa tem direito de prioridade no atendimento expresso em seu artigo 3º, §1º. Ainda assim persistem os milhares de idosos em filas intermináveis que o acompanham à morte, dentro ou fora das unidades de saúde. As políticas públicas que atendem ao foram fragilizadas, o tripé da Seguridade Social, suposto a entregar a Previdência, Saúde, Assistência Social, tornou-se fetiche de proteção da pessoa idosa, submetido à ideologia de mercado neoliberal.

Reflexão que não cala: como garantir alguma dignidade à pessoa idosa? De que maneira, quando a família, comunidade, sociedade, poder público irão garantir direitos estabelecidos ao idoso? No mercado da morta, quanto vale o direito à vida, saúde, educação, bem-estar, lazer, cultura, trabalho e moradia? Buscando contribuir com essa população, a eficácia da empatia, o ato de se ver no lugar do outro, enxergar-se idoso, amanhã. A paciência, o olhar centrado, dizer bom dia, boa noite, até mais tarde, lembre-se que existem pessoas invisíveis a seu lado. Dinâmica, a sociedade impulsionou os homens a tornar máquinas produtivas, na qual tudo que é velho, descarta-se, torna-se responsabilidade do outro.

Ao deparar com uma pessoa idosa a chame pelo nome, estabeleça conexão de respeito, fale devagar, com clareza, nunca a menospreze, busque se tornar reflexo do futuro que te aguarda. Enquanto a idade passa que as sociedades estejam atentas, fomentem políticas públicas sociais, desenhem uma nova trajetória no que refere à dinâmica da vida do idoso. A participação da comunidade e dos Conselhos de Diretos, são ferramentas instrumentais essenciais no enfrentamento das mazelas postas, nos mais variados contextos da coletividade. Dessa importância e resistência, só os loucos entendem.

Reginaldo Estevão, assistente social, especialista em Políticas Públicas e Projetos Sociais com Ênfase em Gerontologia: FacUNICAMPS

dm.com.br

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