“O exercício é uma espécie de estresse. Em resposta, nossos corpos iniciam mecanismos que reconstroem as partes afetadas”

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A definição é do biólogo Daniel Lieberman, de Harvard. “O exercício é uma espécie de estresse. Em resposta, nossos corpos iniciam mecanismos que reconstroem as partes afetadas. Fomos selecionados pela evolução para sermos ativos, garantiu Lieberman. E ser fisicamente ativo pode ajudar a garantir que a duração da boa saúde corresponda à duração de nossas vidas•” Pense nisso

Por que a atividade física é tão boa para nós à medida que envelhecemos? Segundo uma nova teoria sobre exercícios físicos, evolução e envelhecimento, a resposta está, em parte, na nossa necessidade ancestral dos avós.

A teoria, chamada de Hipótese dos Avós Ativos e detalhada em um editorial recente na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, sugere que nos primeiros dias de nossa espécie, caçadores-coletores que viviam além de seus anos férteis poderiam contribuir e fornecer recursos extras e socorro aos netos, ajudando esses descendentes a sobreviver. 

Recentemente, ele começou a se perguntar por que o movimento parece ter um impacto tão diferente em nós em comparação com outros primatas. Estudos de Lieberman e outros descobriram que macacos selvagens e em cativeiro normalmente caminham abaixo de três quilômetros por dia, menos do que o americano médio, que anda cerca de quatro quilômetros, e muito menos do que os modernos caçadores-coletores, como os hadza da Tanzânia, com nove quilômetros ou mais.

Apesar disso, os símios raramente desenvolvem os tipos de distúrbios ligados à inatividade em humanos, como doenças cardíacas, artrite e diabete. Por outro lado, normalmente vivemos mais do que os símios e a maioria dos mamíferos. Os caçadores-coletores, cuja expectativa de vida imita a de nossos antepassados, geralmente vivem bem até os 70 anos. Isso vai muito além da idade de ter filhos, pelo menos para as mulheres, o que é incomum na natureza.

Um famoso artigo de 1998, também publicado na Proceedings of the National Academy of Sciences, propôs que as mulheres evoluíram para viver bem após a menopausa para ajudar a garantir que as gerações sucessivas prosperassem. Essa ideia, conhecida como Teoria da Avó e amplamente aceita pelos antropólogos, descreve como as mães fornecem alimentos e cuidados aos filhos e, quando eles têm filhos, ajudam a alimentar e cuidar desses bebês, garantindo o êxito das gerações futuras.

Mas Lieberman e seus colegas sentiram que a teoria não respondeu ao que permitiu que os humanos vivessem tanto, em comparação com outras espécies. Foi aí que entrou a atividade física. Os primeiros humanos tinham de se movimentar para caçar comida, e aqueles que se moviam mais e encontravam mais comida tinham mais possibilidade de sobreviver. Ao longo de eras, esse processo levou à seleção de genes otimizados pela atividade física abundante.

Os exercícios físicos também parecem desencadear processos celulares controlados por genes que ajudam a promover a saúde. Dessa forma, a evolução favoreceu as tribos mais ativas, que tendiam a viver mais tempo e podiam ajudar com os netos, levando à sobrevivência dessas famílias. Em outras palavras, o exercício é bom para nós porque humanos mais jovens e vulneráveis precisavam de avós, e eles tinham de ser vigorosos para manter os netos nutridos.

O novo artigo, Active Grandparents (Avós Ativos), também investiga o que ocorre na atividade física que a torna tão necessária para o envelhecimento saudável. Por um lado, movimentar-se consome energia, que poderia ser armazenada como gordura, mas que, em excesso, pode contribuir para doenças como diabete tipo 2, escrevem Lieberman e seus coautores.

O Estado de São Paulo (compacto)

 

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